domingo, 5 de abril de 2015

Segurança pra quem?

*pais do garoto Eduardo de Jesus - morto na quarta-feira, no Complexo do Alemão

A imagem do corpo ensanguentado garoto Eduardo de Jesus Ferreira é algo impossível de se digerir. Morador do Complexo do Alemão, o menino foi morto aos 10 anos de idade pela arma de um policial da “Unidade Pacificadora”, a sangue frio.  Um crime hediondo, de uma crueldade sem tamanho marcou a tarde daquela quarta-feira, 01/04, às vésperas do feriado da Páscoa e dias depois da aprovação da redução da maioridade penal, mesmo diante de dado que comprovam que crianças e adolescentes são as maiores vítimas da violência e não o contrário.  Estranhamente não houve grandes manifestações nas ruas para além da comunidade onde aconteceu o assassinato. Não se ouviu ou leu pedidos de “pena de morte” a quem atira em uma criança.  Não ouvimos o bater das panelas, não vimos perfis de facebook em “luto” e nem mesmo uma cobertura ostensiva por parte de uma certa “grande emissora de TV”, cumprindo o dever cívico de denunciar que o que aconteceu não pode ser considerado normal, não pode ser tratado como uma “baixa necessária”. Porque não é. O combate ao crime organizado não pode justificar as mortes criminosas de cidadãos comuns. Estes mesmos não podem ser tratados como cidadãos de segunda classe por serem pobres e moradores de vilas e favelas. É preciso repensar o tipo de polícia que queremos, é preciso (disse e repito) humanizá-la antes de fazer dela um instrumento de “pacificação”. Porque no momento ela não serve para este fim, não quando dados como os levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança apontam que a nossa polícia matou em 5 anos o equivalente ao que a polícia norte-americana matou em três décadas.  A violência perpetrada pelo Estado contra minorias como pobres e negros é prontamente aceita e naturalizada no Brasil. É vista e defendida como algo necessário em nome da “segurança pública”. Mas segurança pra quem?
Se o mesmo fato que ocasionou a morte de Eduardo de Jesus Ferreira, mais um entre tantos, acontecesse em outro lugar onde essa violência não fosse “naturalizada”, como seriam as reações?

Todo respeito aos familiares pela dor e perda irreparáveis. O que foi retirado não tem volta.
Noss@s garot@s precisam de educação de qualidade e não punição. Nossas comunidades querem segurança, não opressão. 

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