sábado, 2 de janeiro de 2010

Vergonha alheia


Deprimente ouvir o comentário infeliz e preconceituoso que âncora do jornal da Band, Bóris Casoy, fez no dia 31 de dezembro.


O “vergonhoso” episódio já é de conhecimento de muita gente a essa altura do campeonato. Após a exibição de um vídeo em que dois garis faziam votos de um “Feliz 2010” o âncora do jornal da Band, Bóris Casoy, não observou que seu microfone estava aberto e disse: ...que merda...dois garis...do alto de suas vassouras ...desejando feliz ano novo...a mais baixa escala do trabalho...”
Tudo isto num evidente tom deboche. No dia seguinte ele tentou se retratar dizendo que fez um comentário infeliz durante uma “falha técnica”.

Ora, Sr Bóris Casoy, atribuir uma evidente falha de formação pessoal, uma visão preconceituosa e limitada de mundo a uma “falha técnica” é algo para se envergonhar, não acha? Além disso, as pessoas a quem ele se referia e até a população pobre brasileira, parte considerável da audiência daquele jornal merecia (e merece) uma retratação melhor. Triste saber que um formador de opinião tem este tipo de raciocínio retrógrado, não que esta visão de direita proveniente de certos jornalistas me surpreenda, mas confesso que isso me chocou.

O mais “infeliz” não é o comentário em si (desastroso, por si só) mas sim o fato de alguém que teve pleno acesso à educação formal e conhece bem as mazelas e desigualdades deste país pense desta forma. O que esperar então dos demais?

O pensamento de Casoy reflete a visão de uma boa parte da elite brasileira, que desde sempre ojeriza os setores mais pobres da sociedade, reflete algo comum nos dias de hoje que é a valorização do “ter”, o ser humano simplesmente não importa. Triste é ver como ele reproduz bem este aspecto tão deplorável.

Bóris Casoy faz coro junto à uma fatia enorme da imprensa brasileira, onde se incluem veículos como a Veja e tantos outros, cujo posicionamento está claramente a favor da manutenção de um status quo que mantém a linha divisória entre os poucos que possuem muito e uma maioria que permanece à margem de tudo o que este país produz.

Casoy foi um dos primeiros a defender a retirada da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, uma vez que ele próprio possui outra formação acadêmica. Nenhum demérito nisto. Nada forma melhor um jornalista que a prática diária, mas as aulas de ética no jornalismo fizeram muita falta neste caso.